domingo, 20 de junho de 2010

Como tudo começou...

Olá a todos!!!

Novamente postando para disseminarmos um pouco do trabalho desse blog, que é registrar um pouco da experiência adquirida ao logo desse tempo que deixo meu cabelo crescer para doá-lo a pessoas em tratamento oncológico.

E ainda tenho muito o que aprender pelo jeito, principalmente com o blog. Acabei de jogar fora o texto inteiro que havia digitado e estou um pouco frustrado com minha inexperiência com isso aqui, mas tudo bem, eu consigo escrever novamente.

Todo esse trabalho tem início quando conheci Sabrina, que foi de certa forma a "musa inspiradora" de todo o trabalho. Ela está em tratamento em um hospital público da cidade e mora longe daqui, de forma que fica hospedada em uma Casa de apoio - chamada Casa Ronald McDonald do Rio de Janeiro - cujo trabalho conheceremos mais adiante. Sou voluntário de lá há alguns anos, e foi lá que conheci Sabrina e sua mãe.

Como toda história tem sua dose de acaso, eu estava na Casa Ronald no dia que Sabrina foi ao hospital para realizar uma consulta e a ação que geraria essa iniciativa. Fui chamado por elas para acompanhá-las ao hospital, deixando claro que não é uma rotina dos voluntários da Casa acompanhar os hóspedes, mas a mãe solicitou minha companhia e eu estava livre para acompanhá-la naquele momento. Eu costumo visitar as crianças que ficam internadas no hospital por iniciativa própria e isso dá certa desenvoltura para andar por lá, imagino que tenha sido por isso que a mãe de Sabrina tenha me chamado como acompanhante, pois ela tinha recém chegado na Casa e não nos conhecíamos ainda.

Lá, além da consulta que realizou, testemunhei um grupo de voluntários que realizou um corte no cabelo de Sabrina. Ela tinha um cabelo longo, que ia até a cintura, e o grupo prendeu firmemente com um elástico a ponta de seu cabelo e com outro elástico, a base do cabelo o mais próximo possível da nuca. Houve um corte preciso e aquele grande rabo de cavalo saiu preso pelas pontas de uma vez, e logo foi colocado em uma embalagem plástica para separarem a matéria prima que serviria para Sabrina ter uma peruca de seu próprio cabelo.

Eu fiquei espantado com aquela ação, pois já testemunhei muitas histórias de crianças e adolescentes em tratamento oncológico e sabemos que os pelos do corpo caem como efeito colateral ao tratamento. Sei que doam gorros, bonés e perucas para pacientes (as perucas sempre em quantidade insuficiente), mas nunca havia refletido sobre perucas até então. Pensei em como a auto-estima dessas pacientes, principalmente as adolescentes, pode ser afetada pela perda ainda que momentânea de seus fios de cabelo, e como isso pode tornar o tratamento mais desagradável para elas.

Outra grande coincidência foi que o grupo que realizou a preparação da peruca tinha uma grande amiga como "coordenadora". Seu nome é Edvânia e a história dela ainda passará aqui pelo blog, pois ela hoje é uma voluntária da Casa, mas já foi hóspede e viveu toda a luta que seu filho enfrentou para vencer o câncer. Foi Edvânia quem explicou em detalhes como o cabelo de Sabrina seria transformado em uma peruca para ela mesma usar depois, e contou um pouco das dificuldades de transformar essa ação em uma rotina aos demais pacientes, principalmente por falta de doadores da "matéria prima", ou seja, o cabelo em si.

Como não tinha condições de ajudar financeiramente, decidi apoiar a iniciativa como "doador de matéria prima", e enquanto meu cabelo crescia, resolveríamos aos poucos os problemas vividos pelo projeto naquele momento inicial. O que aconteceu depois, caso tenham paciência, vocês acompanharão pelo blog.

Esse pequeno grande passo de participar desse projeto foi dado numa bela tarde do dia 25 de julho de 2008. Desde então, o cabelo, o projeto e eu estamos crescendo. Aos poucos, é verdade, mas crescendo.

2 comentários:

  1. Ricardo, parabéns pela iniciativa. Não conhecia esse trabalho de confecção de perucas naturais voluntário no Inca. vamos ajudar a divulgar. Muito bacana suaparticipacao. Bjs com mais admiração, Claudia Waymberg Goldman

    ResponderExcluir
  2. Oi Cláudia, essa inciativa foi realizada pela Edvânia, que tem faz o "dia da beleza" com as mães há um tempinho por lá. Edvânia tem me ajudado a cuidar do cabelo para que ele esteja em condições de ser doado.

    Como ela é voluntária, não sei precisar se já existe oficialmente esse "serviço" para dizer que ele é o INCa - sabe como são essas coisas institucionais.

    Grande abraço e obrigado pela visita.

    ResponderExcluir